O sistema educacional
brasileiro está inserido no contexto do sistema global capitalista que
atualmente se encontra em crise. Para melhor entender tal crise,
a formação de um projeto político-pedagógico é necessária, ou melhor, a
formação de um projeto de uma educação para a emancipação humana.
Daí a importância de pensarmos num PPP que seja emancipatório, para isso é preciso analisar algumas questões: a sociedade, o indivíduo e
a educação que temos e que queremos.
Deste modo, devemos fazer um breve histórico da
sociedade que temos, a perspectiva que temos; uma
reflexão do indivíduo que temos e que queremos e fpor último um apanhado
histórico da educação que temos e sua perspectiva.
Analisamos a sociedade que
temos a partir de um breve histórico. Na Comunidade Primitiva, onde o modo de
produção era comunal, tudo era feito em comum, não havia classes sociais. Em
seguida, os povos da Antiguidade e, posteriormente, a sociedade na Idade Média
possuíam ainda algumas características da sociedade antiga. O meio dominante de
produção era a terra e a forma econômica dominante era a agricultura.
As sociedades pré-modernas não
possuíam consciência histórica. Elas eram capazes de reproduzir-se por períodos
extremamente longos; o trabalho não constituía uma esfera separada, existia
inferioridade social e dependência.
Por fim, a sociedade moderna
que contou com uma força destrutiva para seu progresso foi a invenção das armas
de fogo, ou seja, estavam sendo destruídas as formas pré-modernas, elementos
fundamentais do capitalismo passaram a existir porque contaram com a economia
militar e de armamento.
Para ganhar dinheiro as pessoas
passaram a vender sua força de trabalho. Rompidas as relações naturais com base
em laços de sangue em que a nobreza e a servidão eram passadas de pai para
filho, na modernidade capitalista as relações passam a ser sociais. Inaugura a
existência da crítica social: uma imanente ao sistema, e outra categorial. O
capitalismo sem limites tinha como objetivo a transformação do dinheiro em
dinheiro; o dinheiro é a encarnação do trabalho, ou melhor, o fundamento do
sistema capitalista reside na produção do valor, a valorização do dinheiro.
Logo, o capitalismo com limites
reduzia o tempo de trabalho ou continuava com o tempo de trabalho como medida
de produção; desviava a aplicação do capital; surgia um novo caminho, mercado
financeiro; uma grande parte não conseguia mais existir dentro das formas
sociais capitalistas. Podemos lembrar que a crise se manifesta nos próprios
países núcleo-capitalistas.
A necessidade de fazer um
apanhado histórico da sociedade em que vivemos veio demonstrar claramente que
chegamos a uma sociedade capitalista em crise, global-terminal-estrutural;
tendo como objetivo enfocar elementos teóricos básicos e decisivos para
entendermos melhor como podemos elaborar um projeto emancipatório, norteado
pelos aspectos apresentados.
Nossa perspectiva em relação à
sociedade é estarmos inseridos em uma sociedade mundial que não necessita mais
de fronteiras, na qual todas as pessoas possam se deslocar livremente e existir
em qualquer lugar o direito de permanência universal.
O homem moderno simplesmente
não consegue imaginar uma vida além do trabalho. O homem adaptado ao trabalho,
ou seja, a um padrão; está fazendo com que a qualidade específica do trabalho
perca-se e torne-se indiferente.
O homem moderno não passa de
mercadoria produzindo mercadoria e vendendo sua própria mercadoria. As mulheres
tornam-se responsáveis pela sobrevivência em todos os níveis. Os homens
tornam-se dependente de uma relação abstrata do sistema.
A perspectiva que temos é a constituição de um sujeito como objetivo, capaz de
construir uma sociedade igualitária, criativa, diversa, livre e prazerosa no
ócio.
Na Comunidade Primitiva,
relacionando-se com a terra, com a natureza entre si as pessoas se educavam e
educavam as novas gerações; não havia escola. Na Antiguidade, com o
aparecimento de uma classe social ociosa, surge uma educação diferenciada,
surge a escola. Só tinham acesso à escola as classes sociais ociosas, a maioria
que produzia continuava se educando no próprio processo de produção e da vida.
Na Idade Média, a maioria
continuava se educando no próprio processo de produzir a sua existência e de
seus senhores através das atividades consideradas indignas, a forma escolar da
educação é ainda uma forma secundária.
É na sociedade moderna que se
forma a ideia de educação para formar cidadãos, escolarização universal,
gratuita e leiga, que deve ser estendida a todos; a escola passa a ser a forma
predominante da educação.
De acordo com Enguita (1989),
era preciso inventar algo melhor e inventou-se e reinventou-se a escola;
criaram escolas onde não havia, reformaram-se as existentes e nelas introduziu-se
a força toda a população infantil. A instituição e o processo escolar foram
reorganizados de forma tal que as salas de aula se converteram no lugar
apropriado para se acostumar às relações sociais do processo de produção
capitalista, no espaço institucional adequado para preparar as crianças e os
jovens para o trabalho.
O que queremos é a emancipação
da educação como princípio educativo e a formação de um sujeito da emancipação
como objetivo.
Este trabalho foi realizado tendo por base uma fundamentação histórica da sociedade em que vivemos, para então, em particular analisarmos a situação atual de nossa educação que hoje está inserida em uma sociedade em crise.
A superação dessa sociedade
visa a formulação de um projeto emancipatório que pretende construir uma nova
sociedade que vá além do valor, do dinheiro, da mercadoria, do trabalho, do
Estado e da política.
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Gizelle Faria