sexta-feira, 2 de novembro de 2012

As Correntes na Sociologia Da Educação


PARADIGMA DETERMINISTA FUNCIONALISMO ESTRUTURAL OU REPRODUÇÃO CONSENSUAL

As perspectivas que qualificamos de reprodução consensual são as que, tal como Durkheim, vão explicar a existência das sociedades e a continuidade pela partilha de sistemas de valores consensuais transmitidos
no processo de socialização.


T. Parsons: desenvolveu o “funcionalismo estrutural”. Dá um lugar importante à análise das relações entre a instituição escolar, a economia e o sistema político.
Definem-se como funções do sistema educativo a socialização e a seleção dos indivíduos.
A seleção permite seriar os indivíduos para os orientar para as diferentes posições do sistema econômico e social.
O funcionamento da turma permite a socialização e efetua uma seleção.
Faz-se uma diferenciação dos alunos por estatutos no interior da turma.


Teorias da reprodução conflitual
Sociologia próxima da de Durkheim relativamente ao primado da sociedade sobre o indivíduo mas
distanciando-se dele na substituição do consenso pelo conflito.

Bowles e Gintis ou a Escola Capitalista na América
A “desigualdade de escolarização reproduz a divisão social do trabalho”.

Baudelot e Estabelet ou a Escola Capitalista em França
O aparelho escolar contribui para a reprodução da força de trabalho. As práticas escolares preparam para a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual.


Teoria da reprodução cultural
Pierre Bourdieu – os processos culturais efetuam a manutenção das estruturas econômicas e sociais existentes.
A cultura transmitida na escola é a cultura da classe dominante que passa a impôr-se como a cultura por excelência.
Giroux – admite uma relativa autonomia da educação relativamente à ordem social capitalista.
A socialização escolar não consegue atualizar completamente o seu papel de reprodutora pois há fenômenos de contraculturas que se geram entre os jovens escolarizados.


Contraculturas
Movimentos não conformistas e críticos da sociedade. Apresentam-se mais como alternativa do que como simples condenação da ordem social e do poder estabelecido.

“(…) a negação da cultura dominante e da ideologia socioeconômica dominante, supõe, antes do mais, que o contestatário se situe em função dessa cultura e dessa ideologia. (…) que é necessário ser-se culto e possuir os meios intelectuais fornecidos pela ideologia oficial, […] para que uma tal herança se possa recusar. As classes sociais excluídas da cultura e do saber, dada a sua situação […] não se podem revoltar contra algo que não possuem.”

Lapassade, G., Para um Conhecimento da Sociologia




Sociologia e Educação



A escola, enquanto agente especializado na transmissão de modos de pensar,agir e sentir, é o objeto de estudo central da Sociologia da educação. Embora a Sociologia da Educação como campo distinto da Sociologia seja relativamente recente, as suas raízes encontram-se logo nos primeiros pensadores, nomeadamente em Émile Durkheim. 

Para este autor, a educação é um processo que deve ser entendido como um contributo para a manutenção da ordem social. Esta perspetiva influenciou fortemente os estudos sobre a educação até aos anos cinquenta. A abordagem da corrente funcionalista entende a escola como um contributo vital à sobrevivência e perpetuação da sociedade, pois imprime nos indivíduos os valores dominantes nessa sociedade.Nos anos cinquenta e sessenta, na Grã-Bretanha, os estudos versaram sobre o papel do sistema educacional na mobilidade social e sobre as diferenças entre classes sociais no sucesso escolar. Nos anos setenta o interesse da sociologia da educação estendeu-se a estudos de caso acerca dos sistemas sociais nas escolas, preocupando-se com a importância da relação professor/aluno para o sucesso escolar e com o papel das escolas enquanto agentes de reprodução cultural. Foi também a época em que se desenvolveram mais investigações acerca de diferentes estilos de ensino. 

Os fatores que intervêm nos resultados escolares também têm sido estudados por este ramo da sociologia. Ter boas ou más notas não depende unicamente da inteligência do indivíduo nem mesmo do seu esforço; as classificações são produto de um processo complexo no qual intervêm outros saberes exigidos pela escola que não os contidos nos currículos: valores, atitudes e princípios que são os da parcela dominante da sociedade. Serão premiados os indivíduos que aceitam e/ou que já trazem da sua socialização primária esses outros saberes ocultamente exigidos. Tem sido estudado outro fator de influência dos resultados escolares: o das expectativas dos professores face aos alunos. Os estereótipos do professor acerca das classes sociais, dos grupo raciais ou do gênero influenciam o modo como ele age com os alunos levando estes a corresponderem às "profecias" do professor.

Objetivos da Educação



A função da educação é educar para a vida

O indivíduo se insere ao grupo social e sociedade através do recebimento de heranças culturais, a socialização ocorre desde que nasce, pois no parto existe um conjunto de pessoas e técnicas que se comunicam e trazem consigo uma herança cultural, intelectual que são frutos das relações humanas. 

A educação se apresenta não apenas na escola, mas a partir da inserção no mundo, que inicia com a família na qual é ensinado valores, costumes e regras. 

A educação tem como princípio a transferência cultural, para que as pessoas se adaptem a sociedade, a capacidade de desenvolver suas potencialidades, e como resultado a evolução da sociedade. 

O processo educativo transcende a formalidade escolar, pois uma criança ao falar as primeiras palavras e dar os primeiros passos já consegue assimilar várias aprendizagens através do contato com o mundo, à medida que há aumento na aprendizagem mais complexa a educação se torna, e isso acompanha o indivíduo por toda a vida. 

A educação não pode ser um processo passivo, pois quando aprende o educando desenvolve sua potencialidade, sua capacidade de pensar e ver o mundo e automaticamente cresce como indivíduo que compõe e pode mudar a sociedade.


A Sociedade, o Indivíduo e a Educação que Temos e Queremos


O sistema educacional brasileiro está inserido no contexto do sistema global capitalista que atualmente se encontra em crise. Para melhor entender tal crise, a formação de um projeto político-pedagógico é necessária, ou melhor, a formação de um projeto de uma educação para a emancipação humana.

Daí a importância de pensarmos num PPP que seja emancipatório, para isso é preciso analisar algumas questões: a sociedade, o indivíduo e a educação que temos e que queremos. 

Deste modo, devemos fazer um breve histórico da sociedade que temos,  a perspectiva que temos;  uma reflexão do indivíduo que temos e que queremos e fpor último um apanhado histórico da educação que temos e sua perspectiva.

Analisamos a sociedade que temos a partir de um breve histórico. Na Comunidade Primitiva, onde o modo de produção era comunal, tudo era feito em comum, não havia classes sociais. Em seguida, os povos da Antiguidade e, posteriormente, a sociedade na Idade Média possuíam ainda algumas características da sociedade antiga. O meio dominante de produção era a terra e a forma econômica dominante era a agricultura.

As sociedades pré-modernas não possuíam consciência histórica. Elas eram capazes de reproduzir-se por períodos extremamente longos; o trabalho não constituía uma esfera separada, existia inferioridade social e dependência.

Por fim, a sociedade moderna que contou com uma força destrutiva para seu progresso foi a invenção das armas de fogo, ou seja, estavam sendo destruídas as formas pré-modernas, elementos fundamentais do capitalismo passaram a existir porque contaram com a economia militar e de armamento.

Para ganhar dinheiro as pessoas passaram a vender sua força de trabalho. Rompidas as relações naturais com base em laços de sangue em que a nobreza e a servidão eram passadas de pai para filho, na modernidade capitalista as relações passam a ser sociais. Inaugura a existência da crítica social: uma imanente ao sistema, e outra categorial. O capitalismo sem limites tinha como objetivo a transformação do dinheiro em dinheiro; o dinheiro é a encarnação do trabalho, ou melhor, o fundamento do sistema capitalista reside na produção do valor, a valorização do dinheiro.

Logo, o capitalismo com limites reduzia o tempo de trabalho ou continuava com o tempo de trabalho como medida de produção; desviava a aplicação do capital; surgia um novo caminho, mercado financeiro; uma grande parte não conseguia mais existir dentro das formas sociais capitalistas. Podemos lembrar que a crise se manifesta nos próprios países núcleo-capitalistas.

A necessidade de fazer um apanhado histórico da sociedade em que vivemos veio demonstrar claramente que chegamos a uma sociedade capitalista em crise, global-terminal-estrutural; tendo como objetivo enfocar elementos teóricos básicos e decisivos para entendermos melhor como podemos elaborar um projeto emancipatório, norteado pelos aspectos apresentados.

Nossa perspectiva em relação à sociedade é estarmos inseridos em uma sociedade mundial que não necessita mais de fronteiras, na qual todas as pessoas possam se deslocar livremente e existir em qualquer lugar o direito de permanência universal.

O homem moderno simplesmente não consegue imaginar uma vida além do trabalho. O homem adaptado ao trabalho, ou seja, a um padrão; está fazendo com que a qualidade específica do trabalho perca-se e torne-se indiferente.

O homem moderno não passa de mercadoria produzindo mercadoria e vendendo sua própria mercadoria. As mulheres tornam-se responsáveis pela sobrevivência em todos os níveis. Os homens tornam-se dependente de uma relação abstrata do sistema.

A perspectiva que temos é a constituição de um sujeito como objetivo, capaz de construir uma sociedade igualitária, criativa, diversa, livre e prazerosa no ócio.

Na Comunidade Primitiva, relacionando-se com a terra, com a natureza entre si as pessoas se educavam e educavam as novas gerações; não havia escola. Na Antiguidade, com o aparecimento de uma classe social ociosa, surge uma educação diferenciada, surge a escola. Só tinham acesso à escola as classes sociais ociosas, a maioria que produzia continuava se educando no próprio processo de produção e da vida.

Na Idade Média, a maioria continuava se educando no próprio processo de produzir a sua existência e de seus senhores através das atividades consideradas indignas, a forma escolar da educação é ainda uma forma secundária.

É na sociedade moderna que se forma a ideia de educação para formar cidadãos, escolarização universal, gratuita e leiga, que deve ser estendida a todos; a escola passa a ser a forma predominante da educação.

De acordo com Enguita (1989), era preciso inventar algo melhor e inventou-se e reinventou-se a escola; criaram escolas onde não havia, reformaram-se as existentes e nelas introduziu-se a força toda a população infantil. A instituição e o processo escolar foram reorganizados de forma tal que as salas de aula se converteram no lugar apropriado para se acostumar às relações sociais do processo de produção capitalista, no espaço institucional adequado para preparar as crianças e os jovens para o trabalho.

O que queremos é a emancipação da educação como princípio educativo e a formação de um sujeito da emancipação como objetivo.

Este trabalho foi realizado tendo por base uma fundamentação histórica da sociedade em que vivemos, para então, em particular analisarmos a situação atual de nossa educação que hoje está inserida em uma sociedade em crise.

A superação dessa sociedade visa a formulação de um projeto emancipatório que pretende construir uma nova sociedade que vá além do valor, do dinheiro, da mercadoria, do trabalho, do Estado e da política.